segunda-feira, maio 26, 2014

Crítica a «Cidadão do Universo», in JLA (1964).

Texto publicado no Jornal de Letras e Artes, 1 de Abril de 1964, pp. 3 e 14. Secção «Resensões Críticas». Transcrito para efeitos de memória bibliográfica.

Cidadão do universo («Pour Patrie, l’Espace»), de F. Carsac – Tradução de Alfredo Margarido – Capa de Lima de Freitas – 206 págs. – Colecção Argonauta – Edição «Livros do Brasil» - Lisboa
Não é apenas mais um livro de ficção científica, mas um romance romanesco de apaixonante interesse e com diversas projecções, a sociológica ao lado da científica, a estética e a política – um desenfadado, fantasioso, mas inteligente divertissement de F. Carsac sobre um mundo estelar de amanhã (após a grande catástrofe... que esperamos não venha a dar-se) em que se afrontam uma sociedade imperial planetária com o culto da força e da obediência e uma mais evoluída civilização a um tempo socialista e individualista, a dos esteleanos, foragidos da Terra, navegadores incessantes do espaço sideral, que, nas suas cidades estrelas-astronaves, se governam por si próprios, aceitando apenas a tutela de um técnico, cujos poderes são limitados, e as decisões das suas assembleias. O trabalho social de cada um reduz-se a poucas horas, nestas cidades espaciais, e cada um tem assim tempo para desenvolver harmoniosamente os seus dons pessoais numa profissão da sua eleição. É neste contexto imaginário que se entrechoca um náufrago do espaço – oficial do Império Terreste Galáctico recolhido por esse «povo das estrelas» cuja concepção da vida é tão diversa da que lhe haviam inoculado. O jovem tenente Tinkar bate-se em duelo com esses seres superiores, defronta agressores não-humanos e, por virtude do amor, aprende finalmente a viver com verdadeira coragem e segurança e a compreender os outros.

Um curioso livro, não isento, todavia, de certas puerilidades, que Alfredo Margarido traduziu de modo muito agradável.

U. T. R. [Urbano Tavares Rodrigues]

1 comentário:

  1. Quando o li, à uns 45 anos, gostei muito. Mas na verdade era eu muito ingénuo.

    Aquela parte do aparecimento divino, na parte final, era desnecessário.

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